Bulimia Nervosa

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A bulimia nervosa caracteriza-se pela ingestão recorrente e incontrolável de uma grande quantidade de alimentos, na maioria das vezes hipercalóricos.


Na bulimia do tipo purgativo, a pessoa auto induz o vômito e muitas vezes, também se utiliza de laxantes, diuréticos e enemas (a injeção de líquido no ânus) para motivar a evacuação.


Já na bulimia do tipo não purgativo, são observados outros tipos de comportamentos compensatórios, como dietas rigorosas, jejum prolongado e a prática de exercícios físicos em excesso. Estes comportamentos tem como finalidade a perda de peso para compensar a orgia alimentar.


Durante a ingestão voraz da comida (que ocorre sempre às escondidas) esses pacientes podem ingerir de 2.500 kcal a 5.500 kcal num único episódio, de forma muito rápida, prestando pouca atenção ao sabor ou à textura dos alimentos. Esses episódios podem durar horas e se repetir várias vezes ao dia. O limite que põe fim a esses episódios fica por conta da impossibilidade de se ingerir mais comida no estômago e da dor física que isso provoca. Induzir o vômito em seguida abre a possibilidade de alívio da dor. O resultado desse descontrole é um sentimento de culpa intenso, remorso e muita vergonha.




Das pessoas acometidas por este distúrbio, a maioria são mulheres (numa proporção de 9:1 em relação aos homens). A faixa etária, normalmente, compreende dos 18 anos até os 40 anos.


A bulimia pode ocasionar algumas complicações no organismo tais como: a destruição do esmalte dos dentes, problemas gastrointestinais, desidratação, sangramentos, inflamação na garganta, arritmias cardíacas, etc.


Ao falarmos sobre bulimia nervosa, é muito comum haver referência a um outro transtorno alimentar, que é a anorexia nervosa. A anorexia e a bulimia são fundamentalmente os dois lados opostos de uma mesma moeda. Essa dificuldade no diagnóstico é compreensível devido ao fato do quadro clínico ser muito variado, pois outros transtornos psiquiátricos podem se apresentar simultaneamente ao da bulimia. Pacientes bulímicas podem manifestar estruturas de caráter completamente diferentes, desde neuróticas, borderline e até psicóticas.


O tratamento de pacientes com bulimia deve ser individualizado, pois os transtornos psiquiátricos paralelos, como por exemplo, depressão, abuso de drogas, etc., devem ser abordados como parte de um vasto plano de tratamento que envolve terapia de apoio de longa duração, muitas vezes, com o auxílio de medicamentos, e em alguns casos mais graves até hospitalização. Isto porque, a bulimia nervosa pode comprometer o equilíbrio eletrolítico (que ajudam a controlar a função miocárdica e neurológica) e provocar uma parada cardíaca.




Tanto a anorexia como a bulimia são quadros clínicos descritos há séculos. Porém, a partir da década de 50 observa-se um aumento considerável de sua incidência. A explicação para isso deve-se a nossa cultura atual onde a excessiva valorização da “imagem”, da excessiva valorização de um padrão de um corpo como estandarte de perfeição e invulnerabilidade, suplante o enfrentamento da dor do existir. Quando não há lugar para a reflexão sobre o sofrimento humano e sua elaboração psíquica, as dores da vida encontram expressão no corpo, em descompensações somáticas.

       

Referências bibliográficas:

Fernandes, Maria Helena; Transtornos Alimentares: anorexia e bulimia. Casa do Psicólogo, 2006, São Paulo.

Gabbard, Glen O.; Psiquiatria Psicodinâmica. Artmed Editora S.A., 1994, Porto Alegre.

Neto, Mário R. Louzã; Motta, Telma da; Wang, Yuan-Pang; Elkis, Hélio; Psiquiatria Básica. Porto alegre: Artes médicas, 1995.

Silva, Ana B. B.; Mentes Insaciáveis. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.