O Alcoolismo e Seus Efeitos

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O álcool é uma das substâncias psicoativas mais utilizada na sociedade e um dos principais responsáveis por mortes prematuras e incapacitantes, e por isso mesmo, um dos mais graves problemas de saúde publica nos dias de hoje.

o Alcoolismo afeta de forma substancial não só o próprio usuário, mas também, seus familiares e pessoas mais íntimas. Também afeta terceiros, de forma indireta, ao provocar acidentes e possíveis tragédias, isto porque, o álcool está associado a quadros de violência, desemprego, e a dificuldade em realizar tarefas habituais de trabalho e convívio social, o que provoca um custo altíssimo para a sociedade como um todo.

 
Diagnóstico

Para o diagnóstico de síndrome de dependência de substâncias psicoativas é necessário que três ou mais critérios a seguir sejam preenchidos em algum momento, durante o último ano:


1. Forte desejo ou sensação de compulsão para tomar a substância.

2. Dificuldade na capacidade de controle de uso, referente ao início, fim ou quantidade.

3. Síndrome de abstinência.

4. A substância é usada para aliviar sintomas de abstinência.

5. São necessários aumentos de doses para se ter os mesmos efeitos antes produzidos por doses menores.

6. Tendência beber da mesma maneira em dias de semana e finais de semana, a despeito do que seja considerado socialmente aceitável.

7. Abandono de outros prazeres ou interesses em prol da substância.

8. Continuar o uso a despeito de evidência clara de consequências prejudiciais, tais como lesão hepática, perda de emprego, depressão, etc.


Consequências do uso nocivo do álcool

 A dependência do álcool ocorre em ambos os sexos, em todas as raças e classes sociais. No entanto, o consumo de álcool tem sido maior em países desenvolvidos. Estudos revelam que os homens consomem mais álcool e causam mais problemas em decorrência do uso. Porém, entre as mulheres cresce o consumo nos casos de “anorexia alcoólica” e estima-se que 16% das pessoas com transtornos alimentares também sofram de dependência alcoólica. 


Ao contrário do se imagina, o álcool não auxilia na redução do stress, pelo contrário, os níveis de adrenalina aumentam e, apesar, da pessoa ter a sensação de relaxamento, na verdade seu corpo sofre um estresse adicional.


O uso abusivo de álcool produz reações e consequências para o próprio corpo. Os efeitos no sistema imunológico intensifica o curso de Hepatite C, complica o tratamento para quem possui HIV e a incidência de câncer é a segunda causa de morte em pessoas alcoolistas. O uso nocivo do álcool também pode causar gastrite hemorrágica, pancreatite e cirrose hepáticas. No sistema nervoso central provoca amnésia, déficits cognitivos temporários, inclusive dificuldades de resolução de problemas, de abstração, memoria e aprendizado. O sistema cardiovascular também fica comprometido, com o aumento da pressão arterial, colesterol, riscos de arritmias e cardiomiopatia. 


Das mortes atribuídas ao álcool, quase metade são provocadas por afogamentos, queimaduras, intoxicações e quedas; além de atos de violência contra si mesmo ou a outras pessoas. Também se verifica comportamento de risco, seja por dirigir veículos, ou praticar sexo desprotegido.


A violência doméstica em geral também é exacerbada, uma vez que o abuso do álcool induz ao comportamento violento, causa desequilíbrio emocional, redução dos sentimentos de medo e ansiedade e dificulta a tomada de decisões em situações de stress.  Os danos à família podem vir de diversas formas, seja pela saúde física e mental de seus membros, seja pelo lado financeiro e social, ocasionando num desgaste nas relações interpessoais.


Consequências do uso de álcool na gestação




Muitas mulheres fazem uso do álcool durante a gestação, no entanto, esta pratica pode trazer consequências desastrosas tanto para o feto, como para a gestante, que pode chegar a óbito precocemente, de acordo com pesquisas recentes que constataram um aumento na mortalidade de mulheres que ingeriram bebidas alcoólicas durante a gravidez.


A consequência mais grave e comum é a Síndrome Fetal Alcoólica (SFA), responsável pelo retardamento mental em crianças, além disso, o bebê apresenta baixo peso ao nascer, alterações faciais, déficit neurocognitivos e comportamentais.


Portanto, recomenda-se evitar totalmente o consumo de álcool, não só durante a gestação, mas, também para mulheres que estão tentando engravidar.

 
Aspectos emocionais e psicológicos




É comum o alcoolista sentir-se deprimido ao perceber o dano que fez enquanto estava alcoolizado, principalmente por ter machucado as pessoas mais importantes de sua vida.


Também precisam fazer o luto das coisas que perderam ou destruíram pelo caminho (relacionamentos, posses, etc.), em decorrência de seu comportamento motivado pelo álcool.  Os antidepressivos atenuam o quadro depressivo e a psicoterapia ajuda a elaborar as perdas e o sofrimento.


O risco de suicídio entre os alcoolista é de 60 a 120 vezes maior que a de pessoas que não apresentam transtorno psiquiátrico.


O que pode levar uma pessoa a vir a ser um alcoolista resulta de uma combinação complexa entre problemas intrapsíquicos, predisposição genética, influências familiares, contexto cultural e outras variáveis associadas ao meio em que a pessoa vive.


O alcoolista apresenta certas características de personalidade, tais como: regressão emocional, imaturidade, instabilidade, insegurança, ansiedade e fraqueza do ego. Normalmente são tímidos, emocionalmente dependentes, e por isso, alimentam fantasias como fonte de satisfação ou como refúgio de frustrações.


De um modo geral o uso abusivo do álcool funciona como fuga frente a seu sentimento de inadequação, muitas vezes escondido através de ideais de grandeza, perfeccionismo e exibicionismo. Nas relações amorosas permanentes é comum apresentarem dificuldades em assumir responsabilidades.


A vivência da solidão é marcante, e possui raízes na infância, provavelmente, em função da omissão do “outro” em oferecer-lhe amor. O sentimento de solidão é devastador e insuportável devido às frustrações afetivas que destroem suas esperanças.


Na personalidade de alcoolistas a desesperança se funda nos fantasmas de insucessos anteriores e no temor de novas frustrações no presente, sentem-se condenados antecipadamente ao fracasso, pelo fato de seu passado ter mais decepções e desenganos do que conquistas. O sentimento predominante é de tédio e indiferença, no qual se espera nada da vida.


O alcoolista passa a viver estagnado no presente anônimo e passivo, sem perspectiva para o futuro, sem sonhos de prosperidade, o que leva muitos a cometer suicídio. As insatisfações constantes consigo mesmo o conduz para o refúgio no álcool.


Referências bibliográficas:

Andrade, A.G.; Silveira, C.M.; Andreuccetti, G.; Siu, E.R.; As faces do Alcoolismo. Revista psique Ciência & Vida, ano V, nº52, ed. Escala, São Paulo.

Castel, S.; Hochgraf, P.B.; Andrade, A.G.; Transtornos Psiquiátricos Associados ao Uso de Substâncias Psicoativas. In: Neto, M.R.L.; Motta, T.; Wang, Y.; Elkis, H.; Psiquiatria Básica. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

Gabbard, G.O.; Psiquiatria Psicodinâmica, cap. 12, 2ª ed., Porto Alegre: Artmed, 1998.

Nascimento, E.C.; Justo, J.S.; Vidas Errantes e Alcoolismo: Uma Questão Social. In Psicologia: Reflexão e Crítica, 2000.