Psicopatia

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A psicopatia costuma atrair grande interesse da mídia e da população de uma forma geral, o que resulta muitas vezes em algumas distorções e equívocos quanto à sua definição e característica. É comum a associação de psicopatas como pessoas de dupla personalidade, assassinos em série, cruéis, frios e sem piedade. Em alguns casos tais características se enquadram, no entanto, na maioria das vezes isto não ocorre, pois nem sempre um psicopata é um assassino. Podemos conviver com psicopatas em nossa rotina, seja, no trabalho, na escola, centros de saúde, vizinhanças, etc.


Do ponto de vista científico a psicopatia é uma síndrome que combina certos traços de personalidade e uma conduta social desviante. São indivíduos que apresentam uma estrutura de personalidade marcada por determinados aspectos interpessoais, afetivos e comportamentais tais como: arrogância, insensibilidade, comportamento manipulador e superficialidade nas emoções. Podem mostrar-se de forma amável e agradável, mas consideram as pessoas como meros objetos a serem usados para a própria satisfação. Desenvolvem um estilo de vida parasita, sem remorso pelos danos que infringem aos outros, o que denota grande dificuldade de empatia.


Existem 4 subtipos de psicopatas:


1. Psicopatas primários: não respondem ao castigo, à apreensão, à tensão e nem à desaprovação. São capazes de inibir seus impulsos antissociais quase todo o tempo, não devido à consciência, mas porque isso atende aos seus interesses naquele momento. As palavras não tem o mesmo significado para eles do que têm para nós. Não possuem nenhum projeto de vida e são incapazes de experimentar qualquer tipo de emoção genuína.

2. Psicopatas secundários: São arrojados, mais propensos a reagir frente a situações de estresse e aguerridos. Expõem-se a situações mais estressantes, mas são tão vulneráveis ao estresse como uma pessoa comum. São ousados, aventureiros e pouco convencionais, estabelecendo suas próprias regras do jogo desde muito cedo. São fortemente conduzidos por um desejo de escapar ou de evitar a dor, mas também são incapazes de resistir à tentação.

3. Psicopatas descontrolados: São aqueles que se aborrecem mais facilmente e com mais frequência. Em geral são homens com impulsos sexuais incrivelmente fortes, capazes de façanhas assombrosas com sua energia sexual. Apresentam desejos muito fortes, como vício em drogas, cleptomania, pedofilia ou qualquer tipo de indulgência ilícita ou ilegal. Tanto os psicopatas primários como os secundários podem incluir esta categoria.

4. Psicopatas carismáticos: são mentirosos, encantadores e atraentes. Em geral são dotados de um ou outro talento e o utilizam em seu favor para manipular os outros. São geralmente compradores e possuem uma capacidade quase demoníaca de persuadir os outros a abandonarem tudo o que possuem, inclusive suas vidas. Com frequência este subtipo chega a acreditar em suas próprias invenções. São irresistíveis. Tanto os psicopatas primários como os secundários podem incluir esta categoria.


A relação entre Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS) e a psicopatia é controversa, pois alguns autores consideram o TPAS e a psicopatia como o mesmo transtorno. No entanto, apesar dos muitos aspectos comuns e áreas de convergência, os termos não são sinônimos. Na psicopatia, há um predomínio de perturbações de relacionamentos e emocionais; no TPAS, predominam as perturbações comportamentais. A maioria dos indivíduos psicopatas tem diagnóstico de TPAS, mas o inverso não é verdadeiro.


Comumente, essas pessoas assumem condutas perigosas ou criminosas, resultando em persistente violação de expectativas e normas sociais, sendo incapazes de aprender com a punição, o que torna pobre a possibilidade de recuperação do comportamento desviante. Encontrou-se incidência de 0,6 a 4% na população geral, com maior proporção em homens.


Diversos autores buscam explicações para a presença e o desenvolvimento da psicopatia. O modelo mais plausível para explicar sua causa envolve uma combinação ainda mal compreendida de fatores genéticos, biológicos, ambientais, sociais e psicodinâmicos que interagem e produzem a personalidade do psicopata.


Referências:

CLECKLEY, H.The Mask of Sanity (5th ed.) St. Louis: Mosby. Disponivel em www.quantumfuture.net/store/sanity_1.PdF acesso em 25 jun. 2018.

SHINE, S.K. Psicopata. Rio de janeiro: Casa do psicólogo, 2000.

SILVA, J.P.F. A psicopatia a partir da psicanálise: desmistificando a visão da mídia. Mneme -Revista de Humanidades, 2015.